domingo


Há muito tempo que tento escrever-te, como se alguma força interior me obrigasse a deixar o coração falar. Escrever para ti não é, de todo, uma obrigação. Mas também não é uma vontade, é uma necessidade. É inevitável e ao mesmo tempo desagradável. Tu sabes que choro sempre que me lembro de ti, é uma dor enorme dentro do meu peito, sempre que o teu nome vai e vem. Sempre que a tua imagem passa pela minha cabeça. E sabes porquê? Porque eu não conheço ninguém igual a ti. Mas queria, acima de tudo e mais do que qualquer outra coisa, que um dia me procurasses e me soubesses também falar com o coração. Aquele que eu conheci e que tanto orgulho me deu. E tu sabe-lo. Tu conhecias-me, e julgo que ainda conheces, como a palma da tua própria mão. Sabias sempre o que me dizer, e quando o dizer. Quando o nosso amor nasceu, vi-o a correr muito depressa debaixo dos meus olhos, e quis correr atrás dele. Perdi o meu tempo, porque só hoje percebi que era a única que o seguia. Tu mantiveste-te no teu lugar, parado, à espera que algo te caísse do céu. E foi aí que também percebi o quão diferentes somos, em tudo. E o nosso amor congelou. As nossas vidas mudaram de rumo, ambos seguimos com elas e eu acabei por aprender a viver sem a tua presença. Sem essa tua teia que me envolvia. Desprendi-me dela e de tudo o que era teu. E posso dizer, sem a mínima dúvida, que estou feliz. Mas também não posso negar que me recordo de tudo o que era nosso, antes de adormecer. Não posso negar que já não recorro a tudo aquilo que me ensinaste. E também não posso negar que apesar de estar feliz agora, era muito mais contigo.

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